A banheira estava à minha espera e
não demorei um segundo para enche-la e entrar com gosto na água quentinha. Meus
músculos relaxaram e pude finalmente deixar toda aquela carga de nervosismo
sair de mim. Eu havia matado aquele homem. Pensando no que ele fez comigo meses
atrás, não parecia tão cruel. Mas pensando do jeito que meu tiro saiu, feio e
muito torto, parecia a forma mais cruel de uma pessoa morrer.
Todos estavam eliminados. James havia
providenciado uma forma de todos que me fizeram mal não conseguissem mais
respirar e eu estava satisfeita com aquilo. Enquanto mexia com um hashi, que
ficava ao lado da banheira, no sabão da água, pensava em como conversaria com
James.
Depois da minha morte notei que ele
estava bem mais sensível do que jamais foi, tanto que simples palavras minhas,
pareciam feri-lo de forma irreparável. Ou ele estava manhoso, ou eu estava
grossa demais. E quando fosse falar com ele, tinha que ser com todo controle e
carinho possível. Parecia que tínhamos invertido os papeis e agora ele sofria o
que a antiga Emma, a que chorava por estar apaixonada e o traficante safado
dizer que sentia apenas pena dela, sofreu quando entrou nessa confusão toda de
vida.
Soltei meu cabelo do rabo de cavalo e
afundei meu corpo na banheira. Me levantei, esvaziei a banheira e limpei meu
corpo e cabelo de todo o pó do caminho e de todo o ar pesado da casa daquele
médico maldito. Sai e troquei de roupa, deixando o cabelo ainda húmido, sai do
quarto. Já era por volta de 23:40 e consegui encontrar minha cerejinha
acordada. Kayla realmente tinha um reloginho descontrolado na hora de dormir.
Porém, quando menos esperávamos, a menina estava a dormir, como um passarinho.
_E cadê a cerejinha mais gostosa da
tia Emma hein? – pergunto me aproximando e derreto quando ouço aquele gritinho
agudo dela. Kay já está grandinha e engatinha pela casa toda, é um perigo a
menina, e quando me viu, bateu palmas de forma tão linda que não resisti. Me
joguei no chão ao lado dela para abraça-la.
_Chegou a tia babona estragadora de
filhas. – disse Lyvia se aproximando com uma mamadeira com leite e morango.
Sorri ainda agarrada a minha bebê que me apertava forte.
_Não é estragar. É dar o que ela
merece. – corrijo.
_Todos aqueles brinquedos para
crianças de 4 anos?
_Lyvia, amor, ela vai crescer.
_Nem me fale. Hoje ela disse papai e
Kendall está todo exibido.
_Sim, ele me falou no aeroporto. Essa
delicia tem que falar tia Emmy. – seguro ela na frente do meu rosto e mordo seu
nariz pequenino. – fala tia Emmy amor. – ela permanece me olhando e puxa meu
cabelo que caia sobre os olhos.
_Estou tentando fazer essa criança
falar Ane já faz um tempo viu? – Ane aparece na sala com um potinho e uma
colher na mão. Se senta ao nosso lado e vejo sua salada de frutas super. colorida.
_Dá,
dá. – Kayla gritou se debatendo e saindo do meu colo, engatinhando até Ane
que revirou os olhos.
_Essa menina tem um buraco escuro e
aberto no lugar do estomago. – ri e me deitei no tapete.
_você vem comendo e não quer que ela
peça?
_Ela nem pede, ela ordena que eu dê.
Parece filha do James. Se esse cabelo fosse mais escuro eu teria minhas dúvidas.
– ela disse, provocando Lyvia.
_Ela ia tomar mamadeira para dormir
Ane.
_Não fui eu que ofereci. – diz dando
uma colherada na boca da pequena, de joelhos ao lado dela.
_Cadê Vanessa? – pergunto.
_Foi para casa já.
_Vão dormir aqui? – pergunto a Lyvia.
_Sim. Kendall vai fazer alguma coisa
hoje à noite e não quero dormir sozinha com ela.
_Ela pode deitar comigo? – peço quase
fazendo biquinho. Eu adoro mais que tudo ficar coladinha com Kayla enquanto
durmo. Ela é uma delícia de macia. Ela e o titio James que está de mal humor.
_Pode. Se ela chorar você leva ela
para mim.
_Vai dormir sem seu homem? Não se
resolveram? – Ane pergunta comendo e dando sua comida a uma criancinha faminta.
_É verdade. Ele chegou aqui furioso.
O que houve?
_Emma mirou a arma na cara dele e
disse “Se você fizer isso eu te mato”
– ela apontou a colher para Lyvia, me imitando e Kayla deu um grito porque
queria comer. – tá menina, relaxa aí.
_Emma! – Lyvia me repreende. Me viro
e deito de bruços.
_Ele sabia que aquele era meu
momento.
_Mas ameaçar ele? Você ficou maluca?
_Ele vivia me ameaçando. Aliás, ele
fazia. Ele me bateu mais de uma vez.
_Não é momento para lembrar do
passado Emma.
_Ah não? E quando é? Eu passei por
aquilo e o perdoei, eu o amo incondicionalmente e tenho que lidar todos os dias
com o fato de que ele me bateu de forma que eu tive que fugir. Ele fica de
frescura agora porque eu apenas o ameacei?
Ela se calou e olhou para Kayla que
comia quietinha a maça que Ane lhe deu na mão. Virei o rosto para o tapete e
logo me levantei.
_Vou pegar os presentes da minha
cerejinha. – digo correndo escada a cima. Chegando ao topo da escada, me
deparei com James, sem camisa e de calça moletom. Os cabelos húmidos e os olhos
tristes.
Subi o resto dos degraus com calma e
parei a sua frente. Ele suspirou e abaixou a cabeça, me olhando em seguida. As
possibilidades de ele ter escutado minhas reclamações eram enormes e eu não
saberia o que dizer caso ele falasse algo.
_Vai deitar comigo?
_Vou. – digo apenas. Ele assente e
passa por mim descendo as escadas. Me viro e vejo apenas suas costas lindas,
suspiro e sigo para o quarto, onde sei que minhas coisas estarão. Pego minha
mala com os presentes e vejo que minha bolsa de mão está aberta.
Me aproximo e vejo os cartões que
Liam me dava, espalhados pelo chão. Na época em que namoramos, antes de ele
surtar e tentar me encarcerar, ele me dava cartas e cartões lindos, os quais eu
guardei e levava dentro da carteira por serem muito meigos e terem um
significado importante para mim.
Recolhi todos, sabendo que foi James
quem os espalhou e isso explicava por partes aquele olhar triste dele. Ele não
dizia, mas parecia se sentir inseguro desde que eu voltei. Eu não entendia o
porquê, já que não dava motivos para essas desconfianças, mas a mente de James
é algo inalcançável para o ser humano.
Peguei a mala e desci. Cheguei na
sala e Kayla estava sentada no colo de James, gritando sem parar com ele que
segurava sua chupeta longe. Sorri e larguei a mala no chão. Ane correu e abriu
a bolsa já procurando por suas coisas e logo encontrou o scarpin vermelho que
ela queria.
_Ai amiga, obrigada! É lindo! – diz
calçando os sapatos por cima das meias. Sorrio e olho para Lyvia que observa
tudo com um sorriso e os cotovelos apoiados nos joelhos.
_Tem para você também Lih. – aponto a
mala e ela me olha surpresa.
_É sério?
_sabe aquele vestido...? – ela abre
um sorriso e corre em direção a mala.
_Emma poderia ser apelidada de papai Noel.
– Ane diz desfilando pela sala com os sapatos novos. Kayla, já de chupeta,
desceu do colo de James e foi seguindo Ane pela sala. Ela adorava seguir a Ane.
_Vem cá cerejinha, a tia trouxe um
monte para você. – digo pegando a pequena no colo e a levando até a mala.
_Isso é tudo para ela? – Lyvia
pergunta abismada.
_Pra quem mais seria? Olha essa
touca. – mostro a touca de crochê com uma borboleta enorme do lado.
_Ai, que coisa linda Emma. – ela pega
a touca e mete na cabeça da menina que a arrancou no mesmo instante. – volta
aqui o Kendall, deixa eu colocar a touca. – ela disse puxando a menina pela
perna quando a mesma tentou fugir. Arrastou a criança pelo tapete fofinho e a
pegou no colo colocando a touca. Apenas rimos olhando a cena.
_Achei linda. Trouxe uma para você
também. – mostro a touca do mesmo modelo, maior para Lyvia que ri e coloca
também ficando igual a pequena.
_Só não digo que são iguais porque a
cerejinha é loira. – James diz estendendo os braços. Kayla empurra a mãe que
estava beijando-a e corre para James.
_Filha da mãe. – Lyvia murmura
olhando a filha ir embora.
_Essa menina é linda demais.
_Quando vem o seu Emma? – Lyvia diz
me fazendo olha-la surpresa.
_Não sei. – não sei se ele vem, penso. Já que James e eu não sabemos o que é
camisinha a um bom tempo e nem sinal de bebê. Tenho vontade de chorar ao pensar
que posso ser estéril.
_Vai ficar lindo um bebezinho de
vocês dois. – Ane aponta sorrindo e tirando os sapatos.
_Já podem pensar no caso. – Lih diz
depois de abrir um dos brinquedos que trouxe para Kayla.
Olho para James e sei que ele está
pensando o mesmo que eu.
_Bom gente. Eu acho que já vou
deitar. Estou cansada. – digo e vou até James pegar Kayla que está deitada no
peito dele, quietinha.
_Deixa que eu subo com ela. Está
quentinha. – diz se levantando devagar com a menina já adormecida no peito
dele. Parece um passarinho mesmo essa Kayla.
Subimos as escadas depois de nos
despedirmos e fomos para o quarto com Kayla. Arrumei a cama enquanto ele se
mantinha calado segurando ela. Quando ele se deitou, cobriu Kayla que já
ressonava e fechou os olhos.
Eu estava sentida, queria chorar e
ele parecia não querer papo comigo. Mas mesmo assim me aproximei e o chamei.
_Que foi?
_Você pensou o mesmo que eu? –
sussurrei em seu ouvido.
_O que? – ele abriu os olhos e virou
o rosto para mim.
_Sobre um bebê. – ele suspira e
balança a cabeça.
_Sim, eu pensei. – Bastou aquilo para
lagrimas se acumularem em meus olhos e eu deitar em seu ombro para dormir,
antes de chorar.
Acordei com o celular vibrando ao
lado da minha cama. Tateei com as mãos até pega-lo. Me ergui um pouco e dei uma
olhada, vendo uma mensagem de Liam:
Daqui a pouco estou aí.
Espero que já tenha levantado. Até logo!
Gemi em reprovação e passei a mão
pelo outro lado da cama, vazio. James e Kayla já haviam saído do quarto me
deixando sozinha. Sentei relutante na cama, estava com um cansaço que não tinha
nem explicação. Saí da cama e fui ao banheiro, tomei uma ducha rápida e
coloquei um dos meus looks favoritos atuais, calça, blusa e sapato preto.
Desci as escadas ouvindo a voz de
Ane, ela gritava incansavelmente com Kayla que dava gargalhadas na cara da tia,
enquanto segurava firmemente seus cabelos.
_Lyvia, essa menina é impossível. – Berrou
mais uma vez, largando Kayla no sofá. A neném a olhou e aos poucos foi dando
força a um chorinho que começou suave.
_Tadinha da bebezinha da tia. – Digo
me inclinando no sofá e beijando a testa de Kay. – Como minha cerejinha está?
_machucando a pobre da tia Ane. – Ane
resmunga e se dirigi a cozinha, deixando Kayla inconsolável, chorando com um
dedinho na boca.
_vem cá meu amor. Essa Ane é uma
maluca. – Pego-a no colo, indo em direção a cozinha.
Lá estavam Lyvia, Kendall, Ane e
Vanessa, todos sentados à mesa menos Lyvia, que chacoalhava a mamadeira da
filha. Sentei Kayla na mesa e a mesma engatinhou até o pai.
_Bom dia Valentine. Como se sente? –
Kendall perguntou. Fiquei em dúvida se sua pergunta se tratava de ontem á
noite, ou era apenas uma pergunta educada.
_bem. – Digo sem pensar demais na
pergunta. – Cadê os outros?
_James foi em um encontro com Charles
e Ryan. – Vanessa responde pegando um pedaço de pão.
_mas de novo?
_parece que a sociedade é séria. –
Kendall resmunga.
_foram os três?
_não. Logan sumiu desde ontem, por
isso a Barbie está com esse mal humor. – Lyvia aponta para Ane, que ergue
calmamente a mão e estira o dedo do meio para ela.
_me deixa em paz. Sua filha me tirou
do sério.
_Ah Louise, conta outra. Isso é sim,
porque o puto do Logan sumiu e provavelmente está fodendo alguma pobre coitada
por aí. – Ela continua e Ane se levanta.
_foda-se. – ela resmunga e sai da
cozinha, com a xicara na mão e um pires com bolo.
_já disse para não ficar fazendo
graça com isso Lyvia. – Vane aponta a faca cheia de migalhas para Lih, que
ergue as mãos.
_é a verdade. Quem sabe assim, ela
não deixa de palhaçada e assume logo que está afim dele.
_acho que ela ainda gosta do Dustin.
– Kendall diz.
_não, meu amor! – Lyvia exclama como
se Kendall tivesse dito que o vírus HIV é a melhor coisa do mundo. – Dustin é
um babaca. E isso é passado. Ela já gostava do Logan.
_Lyvia, não fala coisa que você não
sabe. Ela amava o Dustin. – Digo me sentando e me servindo da salada de frutas.
_pode ser., mas a bola da vez agora é
Logan.
_ainda estão cuidando da minha vida?
– Ane gritou da sala. Ri e terminei de comer minha salada.
_Senhorita Valentine? – Mike me
chamou, entrando na cozinha. Me virei prestando atenção nele. – Liam Bronks
está aqui.
_mande ele entrar. – Sorrio e pulo da
cadeira.
_O que ele faz aqui? – Kendall
perguntou.
_veio me ver. – grito subindo as
escadas para escovar os dentes. Quando volto, Liam está sentado no chão,
amassando o terno caro com Kayla mordendo sua mão.
_olha ela aí. – Ane me aponta. Ele
sorri e se levanta com Kayla no colo.
_minha menina. Que saudade. – Abre os
braços me recebendo num abraço apertado e dolorido, já que Kayla grudou no meu
cabelo e fez a festa com ele.
_essa menina acordou com fogo na
periquita pequena dela. – Ane acusa pegando a menina do colo de Liam. Ele ri e
acena para Kayla que o observa com os olhões azuis brilhando. Sim Kay, é fácil
se apaixonar por Liam.
_Como você vai, minha querida?
_estamos todo elogios hoje hum?! O
que lhe deixou assim?
_talvez seja porque tudo está dando
perfeitamente certo para mim.
_tem mulher envolvida. – Concluo. Ele
ri alto.
_Negócios indo otimamente, apenas.
_E quem é ela?
_Ora Emma, me deixa vai. – Ele diz
mais informal. Sorrio e ele pega minha mão a pousando em seu colo. – Agora me
diz o que está havendo com você e o manda chuva. Deviam estar comemorando. Los
Angeles é finalmente dele.
_Sim. Acho que comemoramos bem já.
_Dois dias? Pensei que James fosse
festejar uma semana inteira – ele ri.
_não estamos muito bem. – Digo, ele
assente.
_pode contar.
_ontem foi o último. – Digo e ele
assente, entendendo. – Fomos até lá e James foi fazer a típica banca de foda, e
isso me irritou porque, - suspiro, reconhecendo finalmente, a quão ridícula fui
- porque era meu momento.
_O que você fez?
_O ameacei. Parece que isso foi pior
do que se eu desse mesmo um tiro nele.
_Ual. Emma! – Ele pareceu surpreso e
soltou minha mão, escovando os cabelos para trás. Mordi a bochecha olhando para
ele, esperando algum conselho ou bronca. – Mas eu o entendo. Isso não tem a ver
com a ameaça Emmy.
_O que quer dizer?
_Ele está surpreso. Você mudou muito
depois de... her...
_depois que eu morri? - Digo rindo.
Ele suspira.
_quase isso.
_não dá para ser a mesma depois do
que aconteceu Liam. Eu passei por coisas que...eu realmente não quero lembrar.
– Ele assente.
_sim, sim, entendo. Mas, você acha
que tem que descontar nele Emmy?
_não descontei. Eu só perdi o
controle.
_conversou com ele?
_não tive chance ainda. James está me
parecendo muito sensível.
_Ele está com saudade. Homem com
saudade é essa desgraça mesmo. Os hormônios devem estar gritando e ele quer
muito que a morena dele dê um jeito ali. – Dou risada e percebo que Liam me faz
sentir leve e tranquila.
_será?
_vai por mim. Tenta dar um carinho
nele hoje.
_acho que farei isso.
_E como vai a fama?
_no auge. Eu sou a primeira cantora a
ressuscitar. – Ele ri e balança a cabeça.
_é realmente incrível. Imagino que
deva ser ovacionada a cada instante.
_acho que sim. – Sorrio. – Eu queria
sair.
_eu vou na Night Wild hoje à noite.
Vim lhe chamar também.
_eu topo. – Vane entra na sala com Nala
na corrente. Ela vê Liam e se agita toda, latindo alto e pulando.
_traz minha princesa aqui Vanessa. – Ele
pede, Vane à solta e ela corre eufórica e pula em cima de Liam.
_Nala, se comporta. – Digo puxando
seu corpo pesado para descer do colo dele.
_deixa minha princesa Emma. Não sou
só seu. – Ele resmunga deixando ela cheirar ele todo. Nala é muito esperta, só sobe
em homem bonito. Ela detestava o senhor que trabalhava na jardinagem.
Contratamos outro agora, um rapaz mais novo, Dean, ela só falta gemer quando o
vê chegando.
_James vai voltar tarde hoje? – Vane
pergunta, quando vou responder, percebo que sua pergunta na verdade foi a
Logan, que entra de óculos escuros e com Fox em seu encalço.
_Valentine! – Ele saúda de longe. –
Hei Liam.
_Logan.
_E aí Vane. – Ele a abraça, todo
empolgado e relaxado.
_James chega tarde hoje?
_não sou baba dele. De verdade.
_Idiota. – Vane resmunga e sai para
os fundos novamente.
_quero conversa com você depois,
putão. – Digo, ele me olha e abaixa os óculos. Vejo seus olhos vermelhos e
tenho vontade de revirar os meus.
_você também Valentine? Por que todos
vocês não vão transar e me deixam em paz?
_A solução para tudo é sexo, não é
mesmo Henderson? – Liam diz. Ele sorri e bate na mão de Liam.
_é isso mesmo parceiro.
_vamos na NW hoje à noite.
_já estou dentro. – Ele diz e vai em
direção ao escritório. – Vou verificar alguns negócios aqui.
_Ele está bem maluco.
_faz um tempo já. – Digo, dando de
ombros.
*** ***
Quando James chegou, estava
terminando de me maquiar. Coloquei novamente minhas lentes e olhei para ele que
estava encostado no batente da porta. Calado.
Me encostei na pia e foquei meus
olhos nos dele. Ele desviou, descendo o olhar por meu corpo. Suspirei e senti
meu corpo aquecer. Saudade não é mesmo Liam?
_O que você tem?
_Problemas, problemas e mais
problemas. – Saudade não?
_me conta. – Peço e ele se aproxima.
Seu cheiro me envolve, uma mistura de perfume caro, uísque e James.
_um deles é você.
_imaginei. Me conta?
_você está diferente demais Emma.
_eu acho que virei mulher. – Sussurro,
ele se aproxima mais e me prende contra a pia.
_prefiro minha menina. – Ele lamenta,
sorrio sarcástica.
_ela não está aqui. É pegar ou largar,
gatão.
_eu pego. Um pouco sem jeito talvez.
Nunca aprendi a lidar com mulheres fortes. Perigosas. Desaprendi a lidar com
mulher depois que você chegou bebê.
_eu não sabia lidar com homens de
verdade. Aprendi. Você aprende a lidar comigo também. Eu preciso de um tempo.
Ainda está recente em mim. – Ele assente e se afasta, estende a mão. Pego e ele
me puxa para um abraço.
_meu único alivio é saber que
menina-Emma ou mulher-Emma, você sempre vai caber direitinho em meus braços.
_é porque eu sempre vou voltar para
eles. Preciso do meu espaço certinho sempre.
_Ele vai estar para você. Enquanto
você me quiser.
Fico em silencio e percebo que ele
está realmente com problemas. Enquanto eu o quiser? Desde quando James me dá
opção de escolha?
_eu te amo.
_também te amo. – Beijo seu peito e
abraço sua cintura novamente.
Eu queria realmente uma distância
dele, pois em alguns meses, perdemos toda aquela essência de casal e de
romance. Tudo por conta dos meus demônios, dos demônios escondidos dele.
Segredos. Malditos segredos, guardados a tantas chaves que acho que nem mesmo
nós sabemos onde colocamos todas elas.
Mas devo reconhecer que com romance
ou sem eu pertenço a esse homem e não tem outro lugar no mundo que eu queira
para mim, se não os braços dele. Ele é sempre meu último pensamento, é sempre
para ele que eu quero voltar. Eu o amo. Só preciso me acostumar novamente
comigo, com ele e com esses mundos distintos. E ele, vai ter que aprender a
lidar com a nova Emma. Com a Emma-mulher-perigosa. Se ele tiver paciência
comigo, eu terei com ele.
Podemos voltar a ser o casal do ano
novo não podemos?
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